Meu itinerário ontem à noite, após o fechamento de Donna, era passar no Chez Philippe para acompanhar o lançamento dos nomes que virão para o Fronteiras do Pensamento 2015. Não consegui estar presente. Saí da redação já bastante atrasada e com uma ponta de dor de cabeça instalada no lado direito do meu pobre cerebelo. Ainda parei na Panvel da Goethe para comprar uma caixinha de Tandrilax, vide que minha dor de cabeça era tensional. Tomei o Tandrilax na própria Panvel, comprei várias cositas más (quem resiste?), me dirigi ao caixa, do caixa ao carro e, quando girei a chave, percebi o quão exausta estava e o quanto precisava de descanso. Peço publicamente desculpas à querida e amada Lu Thomé, minha amiga e uma das cabeças à frente do Fronteiras, a quem prometi presença.
DESCULPA, LULU… A DOR E O CANSAÇO ME CONSUMIRAM
Então, vim pra casa, encontrei o animal dormindo no closet, descemos para que ele fizesse suas necessidades fisiológicas e então começou a gritaria. O animal estava com fome.
QUASE MORRENDO
Havia dito a ele que se servisse do chester em pedaços que estava na geladeira e ouvi o desaforo de que o animal não gosta de chester comprado congelado. Mas como conheço os bois que eu lavo, sabia que era muito mais teimosia do que questão de gosto. Coloquei o pijama, lavei o rosto e tirei da sacola minhas outras comprinhas, entre elas um produto que vive sendo alardeado em comerciais de televisão como a solução para as ruguinhas ao redor dos olhos por uma garota-propaganda que respeito demais.
MARÍLIA GABI GABRIELA
Trata-se do Cicatricure Contorno de Olhos, que, como diz o fabricante, é formulado especialmente para proteger e hidratar a delicada pele ao redor dos olhos. “Sua tecnologia, com o exclusivo composto Regenext IV, promove uma profunda hidratação, o que ajuda a diminuir as linhas de expressão e evita a formação de novas rugas. Sua exclusiva fórmula gera uma camada protetora que promove maior elasticidade e firmeza à pele”, promete o fabricante. Interessante, não?
AQUI ESTÁ ELE EM SEU NOVO LAR, DOCE LAR
Vou experimentar e gostaria que Gabi não me decepcionasse. Enquanto guardava minhas comprinhas (Biocolor, cotonetes, algodões etc. e tal), o animal resmungava. Resmungar é uma maneira delicada de falar dos gritos de fome do animal me chamando para a cozinha. Queria jantar, mas não queria o chester congelado. Como conheço os bois que eu lavo, comuniquei que o jantar era este e que se não fosse este a outra opção era a ração.
PISADA DAS MÉDIAS
Na cozinha, resolvi preparar o meu jantar, bebericando um vinhozinho, claro. Com Tandrilax correndo no sangue, o vinhozinho seria tiro e queda rumo ao aconchego do quarto. Tenho mania de comprar aspargos frescos e deixar na geladeira até que apodreçam. É que nunca encontro o momento de usar os tais aspargos. Uma vergonha, admito. Então decidi que esse fiasco não se repetiria. Me servi de fatias de chester, cortei rodelas de um tomate, coloquei um pouquinho de pesto pronto em cima de cada rodelinha e lancei mão do celular para acessar o Google com a dúvida: “Como fazer aspargos salteados”. Apelei para a resposta do primeiro link que apareceu.
E EU ESPERANDO
O link orientava a limpar os aspargos, primeiro lavando, depois raspando cada um com uma faquinha afiada, como se faz com a cenoura. Separei quatro aspargos, lavei, raspei com a faquinha. Em seguida, o link mandava ferver água em uma panela, salpicar um pouco de sal e, quando a água já estivesse fervendo, colocar os aspargos para cozinhar durante um minuto. Obedeci. Em seguida, o link mandava tirar os aspargos da água fervente e colocar por mais um minuto num recipiente com água gelada e gelo – para que o aspargo não perdesse a cor.
ANHÃÃÃÃ
Achei preciosismo demais. Tirei os aspargos da água quente, peguei o escorredor de massa, coloquei os aspargos dentro e apenas deixei embaixo da torneira com água fria por alguns segundos. Então, peguei uma frigideira, coloquei um pouco de manteiga Aviação (salgadinha! nham nham!!) e ali depositei os aspargos para saltear. Enquanto salteavam, soltando um aroma maravilhoso, piquei o chester para o animal, que dava mortal de costas na cozinha.
ESTAVA COM FOME DAS GRANDES
Com os aspargos devidamente salteadinhos, já até meio tostadinhos, coloquei a mesa, liguei a TV no Jornal da Cultura, misturei o chester do animal com a ração para cães na terceira idade (Hills Longevidade Ativa), tirei os aspargos da frigideira, juntei eles no prato com o chester e o tomate com pesto e fui para a sala com o meu prato e com o prato do animal. Resultado: meu jantar ficou uma delícia! Os aspargos? Croc, croc, croc! E o animal?
LAMBI O PRATO
Comeu tudo, lambeu os beiços, fez cara de arrependido de todos os desaforos que desfiou a respeito do chester congelado e me fez um pedido quase de joelhos. Qual foi mesmo, querido?
QUE NUNCA MAIS FALTE CHESTER CONGELADO EM CASA
HE HE HE