Ganhei uma bicicleta de aniversário. Uma das minhas resoluções para 2015 é adotar o hábito que eu tinha em Barcelona e depois no Rio de Janeiro e andar mais de bici. Mas vamos combinar que andar de bicicleta nas Ramblas de Barcelona e na orla carioca é bastante mais aprazível do que andar de bicicleta na beira do Arroio Dilúvio, com aquele fedor emanando e as caminhonetes e táxis disputando cada metro quadrado de rua ao nosso lado. Fora que a ciclovia de repente…. Termina! E não há previsão para a retomada das obras.
AH, EU SOU GAÚCHA!
Antes que tradicionalistas me atirem a primeira pedra, confesso que sim, gosto de ser gaúcha. Mas tenho discernimento para perceber que as coisas demoram demais para sair do papel aqui neste canto extremo do Sul. O Cais do Porto não me deixa mentir.
NOVELA MEXICANA
Meus pais só me deram a bicicleta de presente com a condição de eu não sair de casa sem capacete. Não sou nem louca. Inclusive, onde não há ciclovia (na maior parte da cidade), pedalo em cima da calçada. Devagarinho, quase parando, mas sempre em cima da calçada. Os pedestres que me desculpem, mas minha vida é preciosa demais para ser arremessada feito bola de futebol americano para o alto e avante por motoristas que jamais deveriam ter tirado uma carteira na vida.
LÁ VAI A MARIANA!
Carros que estacionam em cima da ciclovia, motoristas que, estacionados, abrem a porta sem olhar pelo retrovisor se há um ciclista a caminho – até pedestres que atravessam fora da faixa e surpreendem com sua presença de repente no meio da ciclovia: há de tudo na aventura de um passeio sobre duas rodas em Porto Alegre. Estamos há anos luz de sermos uma cidade civilizada nesse sentido. Para isso existe a famosa Amsterdã.
E AGORA… LONDRES!
Enquanto a gente comemora feito pobre bicho um reles aumentozinho da faixa vermelha da ciclovia (a obra está emperrada há um ano), em Londres o debate anda em outro nível. Por lá, o prefeito Boris Johnson apresentou o plano de criar duas enormes ciclovias expressas em forma de X que cruzarão a capital britânica de cima a baixo e se conectarão às margens do rio Thames, num projeto que está sendo chamado de “crossrail” de bikes.
Olha!
OOOHHHH!!!!
O desenho prevê uma faixa exclusiva para bicicletas paralela à calçada e separada das faixas dos carros por um canteiro. Na maior parte do trajeto, esse canteiro mede cerca de dois metros de largura, o que permite que desempenhe a dupla função de garantir a segurança aos ciclistas e oferecer vagas para estacionar as bicis.
COISA DE OUTRO MUNDO
O projeto já ganhou apoios importantes, como do Banco da Escócia, da telefônica Orange e da gigante Unilever. Isso sem falar de Richard Rogers, vencedor do Pritzker, equivalente ao Nobel da arquitetura, que lidera o apoio de arquitetos e urbanistas à medida. Também vencedor do Pritzker, o arquiteto Norman Foster anunciou recentemente o 250 City Road, um projeto residencial inédito, que prevê em cada apartamento um espaço para guardar bicicletas, além de um elevador desenhado especialmente para comportá-las. São duas torres com 930 apartamentos, 1500 vagas para bikes e apenas 200 vagas para carros.
IRRITA MAIS UM POUCO OS TRADICIONALISTAS
AH, EU SOU GAÚCHA!