É impossível ver um deles e não ter um ímpeto feroz, um desejo insano e incontrolável de ir até lá acariciá-lo. Assim são os gatos. Enigmáticos, independentes, bem resolvidos e muito, muito, mas muito fofos. Em 100% das vezes você será vencida pela vontade de sentir o pelinho macio entre seus dedos. Nem sempre, porém, ele vai deixar que você o toque. É, eles são assim mesmo. O amor deles a gente precisa conquistar. Mas, uma vez merecedores da atenção e do companheirismo destes animais incríveis, nossa vida nunca mais será a mesma. E não estará completa se não houver um (ou mais) bichanos nela.
A descoberta e a paixão pelos gatos espalha-se rapidamente pelo mundo e pelo Brasil. Segundo dados do último levantamento feito pelo IBGE, há pouco mais de 50 milhões de cães nos lares brasileiros e cerca de 23 milhões de gatos. A diferença entre eles é grande, mas a pesquisa mostra que a presença dos felinos cresce mais entre as famílias que convivem com animais de estimação. Isso quer dizer que, hoje em dia, a adoção de gatos já cresce em ritmo mais acelerado que a de cães. E, mais cedo ou mais tarde, essa população vai se igualar.
Essa repentina preferência pelos gatos pode ter uma série de explicações, mas a principal delas, em termos práticos, é a mudança no perfil das famílias, que vem ocorrendo nas últimas décadas. Menos crianças, espaços menores e menos tempo para dedicar ao animal de estimação são as causas diretas para a “descoberta” dos gatos. Independentes e adaptáveis a espaços pequenos, eles requerem um manejo muito mais simples do que um cão: não precisam tomar banho toda a semana (aliás, não precisam tomar banho nunca, salvo em casos de indicação do veterinário por questões de saúde), aprendem sozinhos a fazer suas necessidades na caixa de areia, não precisam (nem devem) passear na rua e são mais calmos e silenciosos.
Enfim, a companhia perfeita para quem trabalha bastante, passa pouco tempo em casa e tem pouco espaço. Mas que, apesar de tudo isso, precisa da companhia amorosa de um animal em seu dia a dia.
Os gateiros de plantão, claro, sabem que há muito mais nos bichanos do que as questões de praticidade. Incompreendidos por quem está acostumado a conviver com os arroubos e as demonstrações exageradas de amor dos cachorros, os gatos têm o seu próprio jeitinho de nos amar. E, pode acreditar, eles nos amam de verdade e a convivência com eles pode nos fazer um bem enorme.
Pesquisas feitas por importantes universidades e centros de saúde ao redor do mundo já comprovaram os benefícios reais que a convivência com os felinos pode trazer para a nossa vida. Uma delas, por exemplo, afirma que os gatos têm o mesmo poder que os cachorros para reduzir o estresse e a ansiedade dos seus donos, diminuindo assim o risco de morte por doenças cardíacas. Outra pesquisa interessantíssima, feita pela Universidade do Missouri, nos Estados Unidos, revela o poder dos gatos na interação com crianças autistas.
A socialização e a comunicação costumam ser problema sério para os portadores de vários transtornos de espectro autista – e o convívio com gatos costuma ter efeitos impressionantes no desenvolvimento das crianças portadoras destes transtornos.
Um dos casos mais emocionantes de que se tem notícia é da menina britânica Iris Grace, hoje com seis anos, diagnosticada com autismo severo e sem esperanças de desenvolvimento, segundo os médicos. Tudo mudou, porém, quando ela começou a conviver com Thula, uma gata da raça Maine Coon, conhecida por ser grande e extremamente dócil. Por meio da gata, a menina começou a se comunicar e tem apresentado um desenvolvimento cognitivo surpreendente.
O ronronar dos gatos é alvo de estudos há décadas. Até hoje, os pesquisadores não conseguem explicar exatamente de onde ele vem e quais as circunstâncias em que ele ocorre – normalmente o gato ronrona por estar sentindo prazer, conforto e segurança, mas ele também pode produzir o som por medo ou dor. O que os cientistas já sabem é que o ronron faz bem para a nossa saúde. Um estudo publicado no National Library of Medicine relaciona o ronronar à melhora de doenças nos ossos e músculos humanos. Isso tem a ver com as ondas de baixa frequência produzidas pelo gato, que teriam efeito terapêutico.
Se a sua desculpa para não ter gatos é a alergia, saiba que cientistas da Academia Americana de Alergia, Asma e Imunologia descobriram que bebês que convivem com gatos desenvolvem mais resistência às doenças respiratórias. Estudiosos já descobriram até que aqueles vídeos fofíssimos de gatinhos que a gente perde a hora olhando são, na verdade, quase medicinais. Levantamento feito pela Universidade de Indiana com sete mil espectadores mostrou que eles desenvolvem mais emoções positivas e alegres, afastando pensamentos negativos, após uma sessão de vídeos de gatos.
Eis alguns gatos que se tornaram celebridade!
CHOUPETTE LAGERFELD: O KAISER DA MODA FAZ TODAS A SUAS VONTADES
Choupette Lagerfeld
Ela é a rainha diante de quem o poderoso diretor criativo da Chanel, Karl Lagerfeld se curva. A pequena Choupette, uma birmanesa de cinco anos, tem mais de 86 mil seguidores no Instagram e já fez até capa da Vogue com Gisele Bündchen. Tem duas empregadas para cuidar dela na casa de Karl e ganha uma fortuna em contratos publicitários, que são supervisionados de perto por seu pai. Parte do dinheiro que arrecada com seus lindos olhos azuis é destinada a instituições de proteção de animais.
O GATO E A BONEQUINHA DE LUXO: VIDA A DOIS NO MINÚSCULO APARTAMENTO
O Gato
Fiel companheiro de Holly Golightly, a inesquecível Bonequinha de Luxo de Audrey Hepburn, o Gato se chamava assim mesmo, sem nome. O bichano dócil e de pelagem amarela era o único companheiro possível para a desajuizada acompanhante de luxo em seu diminuto apartamento pois, segundo ela própria, o gato não pertencia a ela – e neste mundo, ninguém pertence a ninguém. Na cena final do filme, ela e o escritor Paul Varjak, vivido por George Peppard, recuperam o gato, que estava sumido, em meio a uma chuvarada.
HEMINGWAY E SEUS GATOS: ELES NÃO FORAM CRIADOS PARA SERVIR O HOMEM
Os gatos de Hemingway
No começo dos anos 1940, quando morava na Flórida, Ernest Hemingway ganhou, de um marinheiro amigo seu, uma gatinha polidáctila (anomalia genética que faz com que o animal tenha seis dedos e não cinco, que é o normal). O autor de O Velho e o Mar apaixonou-se perdidamente pelos felinos e fez deles a companhia de toda a sua vida. “Os gatos foram colocados no mundo para refutar o dogma de que todas as coisas foram criadas para servir o homem”, escreveu ele. Até hoje, a casa que virou o Museu de Hemingway abriga mais de 50 gatos, grande parte deles com os seis dedinhos. Os administradores do local mantém um costume do velho escritor, que era o de batizar seus gatos com nomes de personalidades famosas.
Cansei de ser gato
Resgatado nas ruas de São Paulo, Chico é uma das maiores celebridades felinas do Brasil. E tudo começou por brincadeira: muito dócil e fanfarrão, ele topa ser caracterizado dos mais diversos personagens por seus humanos. E fica ótimo nas fotos. Seu perfil no Facebook tem quase 700 mil curtidas e os posts com suas tiradas viralizam imediatamente. A última do Chico é uma foto em que ele aparece dando entrevista a um microfone da TV Band e que virou meme com todo o tipo de frase desaforada que poderia, muito bem, ter sido dita pelo seu gato. O sucesso do Cansei de ser Gato é tanto que os humanos do Chico já fizeram livro e hoje têm uma marca de acessórios para pets.
- Patrícia Lima, especial para o site MK
Muito legal ler esta reportagem, feita por mãe de cães!
Tenho 6 gatos em casa e eles são realmente adoráveis…
Só um detalhe… O gato que aparece com o microfone da Band é o Tião e não o Chico… Ambos da mesma família… Em que pese ser o Chico o mais famoso….
Valeu, Claudia!! Vamos trocar! Bjo. MK