Da série “tive insônia de novo“, venho por meio desta dizer: tive insônia de novo.
Já virou uma espécie de piada minha comigo mesma. Vou deitar, coloco o relógio para despertar às 7h, mas comento com ele que, antes disso, a gente certamente vai se ver: sempre entre 3h e 4h.
São fases da vida, não adianta. Há fases em que durmo como um anjo, há fases em que acordo sempre. Olhando o lado bom das coisas (algo que sempre procuro fazer), aproveito para colocar a leitura em dia e ter umas ideias que jamais teria na correria do dia a dia. Então escrevo tudo no aplicativo Notas do iPhone e já levanto na liderança, com algumas coisas já resolvidas. Entre minhas leituras da madrugada, topei com uma crônica da minha amiga Danuza Leão.
Danuza contava que fugiu do Brasil neste último Carnaval, que foi para sua sempre amada Paris fazer o que costuma fazer aqui: passear pelas ruas do bairro onde fica hospedada, ir ao supermercado, descobrir coisinhas novas e dormir até as 11h da noite. Nada de noitadas em Paris. “Só até os 18 anos”, ela diz. Somos bem parecidas. Também odeio noitadas onde quer que seja. Claro, com 18 era diferente. Hoje em dia, não abro mão de um restaurantezinho aconchegante, uma garrafa (ou duas, ou três) de vinho e os amigos na volta para longos bate papos e risadas.
Mentira do animal, o animal acordou nesta quarta-feira se fazendo de vítima – e o pior: me convenceu. Troquei o banho do animal de hoje para amanhã.
– Tu sofre mais do que ele na hora de levá-lo para o banho – disse o Chico, comentando algo que eu nunca tinha me dado conta e que é a mais pura verdade. Eu sofro mais do que o Bento na hora de deixá-lo na pet. E ele sabe disso. E cada vez mais ele treina uma cara de mais pobrezinho para me deixar com mais sentimento de culpa.
Danuza contava em sua crônica do prazer de ir a um supermercado em Paris. Ah, minha amiga, se tu visse como andam nossos serviços por aqui… Contei em supermercado exige paciência, dá uma olhada! Depois de dar uma olhada, eu arrisco dizer que tu acharia não só prazeroso ir ao supermercado em Paris como a sensação de que chegou ao paraíso. Então, Danuza escreveu algo que achei muuuito interessante.
Diz aí de novo, amiga!
“Não chega a ser um sacrifício ir a um supermercado em Paris. Em primeiro lugar, porque, por mais que a fila pareça enorme, cada pessoa está comprando o que precisa especificamente para a refeição daquela hora; por isso a fila anda rápido”
Rancho? Nem pensar! Em Paris, pelo que diz Danuza, não existe esta nossa mania brasileira de fazer rancho.
Conta mais, amiga!
“Fiquei lembrando as vezes em que a empregada (quando eu tinha uma em tempo integral) me entregava a lista do supermercado. Laranja, por exemplo, era por dúzia e cansei de pedir uma dúzia da seleta, mais uma de laranja-lima e uma e meia de lima-da-pérsia. E dois abacaxis, três mangas, dois quilos de cebola… Nunca parei para pensar: era o cotidiano da minha casa, fora os peixes, os legumes, as frutas. Lógico que parte das coisas ia parar no lixo. Quanto desperdício, quanto dinheiro jogado fora!”
Vesti a carapuça de uma maneira ímpar. Por que, meu Deus, eu preciso ir ao supermercado e encher o carrinho? Por que eu preciso fazer rancho? Por que eu preciso comprar 10 cebolas de uma vez só e mais 10 tomates e mais três pimentões e mais abobrinha e batata doce e batata rosa e um quilo de cenoura e outro quilo de beterraba…
Pois é… Foi o que fiquei pensando antes de adormecer e me despedir da minha insônia. Em primeiro lugar, porque eu acho tão desagradável ir ao supermercado que tudo que mais desejo é comprar logo tudo que preciso para não ter que voltar tão cedo. Em segundo lugar, porque não vivo em Paris (ou qualquer outro país com o mínimo de civilidade), onde pego o metrô e vou lendo um livro e desembarco na porta do super, e fico admirando as coisas lindas das prateleiras e pego o metrô e volto para casa com alimentos fresquinhos – e se precisar ir de novo, no outro dia, não passarei por perrengues de engarrafamento e afins.
Porto Alegre não é nem nunca será Paris. O Brasil não é (e acredito que nunca será) um país civilizado, que ofereça as mínimas condições para um ser humano viver tranquilamente: educação, saúde, mobilidade urbana, segurança pública etc. e tal. No Brasil, a gente quer voltar logo pra casa com medo de ser assaltado no meio do caminho. Medo de ser atropelado. Medo de tudo e de todos. Mas apesar de todos os pesares, fiquei comovida com a crônica da Danuza. Me despertou um desejo de tentar trazer um pedacinho de Paris para o meu dia a dia – e vou procurar ser uma parisiense na hora de ir ao super.
ESSA EU QUERO ASSISTIR DE CAMAROTE
Adorei! Tb achei o máximo andar pelas ruas de Paris, parar nos cafés, observar as pessoas, conhecer as farmácias e os supermercados! Acho que assim conheci melhor a essência de Paris e de outros lugares que tive a oportunidade de visitar!
Amei. Nunca fui a Paris e tenho medo de ir. Medo de ir e não querer mais voltar! kkkkk
Como ex-moradora de Paris, posso dizer que isso deve acontecer só na parte central (beeem central) da cidade. Morava ao sul, na cidade universitária do 14ème, e era comum topar com os moradores da região carregando carrinhos de compra. Inclusive eu, que uma vez por semana peregrinava por 3 mercados pra fazer as compras da semana: um tipo atacadão, outro com produtos para dietas especiais (sou celíaca) e no bom e velho Carrefour. Gostava, assim como gosto de fazer isso no Brasil. Só quem tem muito tempo disponível, aqui e lá, que consegue passar todo dia no super.
E sim, Porto Alegre não é Paris, mas nem por isso deixa de ser charmosa e gostosa de viver!!
Vamos ver o lado bom, né Mari?
Acabei de chegar de Paris no sábado! Aluguei um apartamento pela 4x e fiz super todos os dias com o maior prazer do mundo!
Vcs não imaginam o estado de choque que ando! Estou com depressao pós viagem. Mas vou ter que me curar sozinha, porque preciso economizar para ir novamente ao Paraiso.
Relamente, estamos muito atrasados. Sinto falta de lugares com comida pronta, para levar, sinto falta de cortes de carne bem feitos, SINTO FALTA DE CAPRICHO, DE RESPEITO COM AS OUTRAS PESSOAS.
Será que um dia chegaremos perto? Talvez, quando cada um pensar no coletivo…
Oi Mari,
Também li essa crônica da Danuza e fiquei sonhando com Paris, e sonhando em como seria maravilhoso se pudéssemos viver assim tão civilizadamente aqui. Bju!
Verdade, Mariana. E isso não acontece só em Paris, né?
Ontem mesmo eu e meu marido conversávamos sobre as dificuldades de morar aqui e ele me disse: difícil é viajar pra um lugar que a gente ache pior do que aqui…
Oi Mari, Eu também acho essa forma de comprar diariamente só o que vai usar no dia super civilizada. Eu detesto ir no super e voltar carregada de sacolas. Mas tem que ser uma pessoa iluminada por Deus para ter saco de se enfiar no Super todos os dias no horário de pico 18-30 às 20h. Tá sempre lotado! Admiro quem consiga fazer isso todos os dias, então sigo com a minha sacolada de coisas 1 vez por semana. :/