Ontem à noite saí da redação por volta de 20h30min salivando por um bife mal passado. Um bife, um vazio, um entrecote, uma picanha, enfim, qualquer uma dessas carnes beeeem vermelhas. O importante é que fosse mal passada. Não tinha nada parecido em casa e combinei com Chico e Bento que passaria no super e faríamos na grelha.
Há dois supermercados próximos da minha casa que costumo frequentar: o Zaffari da Cel. Bordini e o Nacional da Lucas de Oliveira. Nenhum é um primor de atendimento. O atendimento do Zaffari da Bordini já foi muuuuito melhor. Falo com conhecimento de causa porque me criei indo com minha mãe fazer rancho por lá. O atendimento piora ainda mais quando se chega ao caixa.
Acho que vale até ilustrar essa minha percepção de atendimento deficiente do caixa com uma cena que fui testemunha lá mesmo no Zaffari da Bordini. Estava eu esperando minha hora de ser atendida na fila enquanto a funcionária passava as compras da cliente na minha frente. Foi quando ela passou pelo leitor de preços um pacote de absorventes íntimos.
– Por que a senhora compra esta marca? – quis saber a atendente.
Sim, foi exatamente esta cara que eu fiz. A da cliente foi ainda pior.
– Por que eu gosto – ainda se deu ao trabalho de responder a cliente.
– Eu não gosto – devolveu a funcionária. – Prefiro os maiores e com abas. Já experimentou?
Eu não sei como terminou a conversa. Tomada de uma taquicardia de vergonha alheia, dei ré no meu carrinho e taquei-lhe pau até encontrar outro caixa sob pena de ter que ficar explicando porque prefiro escovar os dentes com Aquafresh e tomar banho com sabonete Dove.
Fechado o parêntesis para ilustrar esse episódio, volto ao meu jantar de ontem. Resolvi parar no Nacional da Lucas. A baguete do Nacional foi a culpada. Gosto muuuuuito da baguete de lá e já salivava por uma baguete croc croc croc com uma carne beeeem malpassada.
Escolhi um entrecote, passei a mão na minha baguete croc croc croc e mais algumas frutas e verduras e me dirigi ao caixa. A atendente passava o último item de um cliente. Encostei meu carrinho e começava a tirar as compras quando ela anunciou:
– O caixa está fechado.
– Como fechado se tu está atendendo? – perguntei.
– Acabei de fechar.
Me dirigi ao caixa ao lado – e Murphy com suas leis começava a querer piorar mais as coisas. A cliente na minha frente tinha escolhido comprar uma fruta que eu nunca tinha visto na vida e ninguém achava o código da tal fruta. Nem a atendente do caixa, nem a gerente, nem o Papa. Aquilo levou hoooooras. Nada de resolver.
Enquanto eu esperava, clientes foram chegando na caixa que havia dito que estava fechada e foram passando suas compras. Primeiro um, depois o outro, depois o outro… Eu ia ficar quieta, mas podendo já estar em casa, já que aquele era para ser um pit stop rápido no super, fui ficando bem irritada.
– Tu não disse que o caixa estava fechado? – perguntei.
– Estava, mas esses clientes chegaram e tive que abrir.
Para conter o desejo de matar, abri um Kit Kat. E comi todo aquele Kit Kat. Terminei o Kit Kat e ainda não tinham encontrado o maldito código da maldita da fruta. Foi quando a caixa que procurava o maldito código da maldita da fruta pediu à caixa que não me enquadrava na categoria cliente para, por favor, passar minhas compras.
O que era para durar no máximo 10 minutos entre entrar e sair do Nacional levou quase 50. Eu tinha tanto ódio no coração que fiz o que as pessoas têm feito nos últimos tempos: desabafei nas redes sociais.
Postei a foto do meu carrinho de compras…..
OOOOOOOHHHHHH!!!!!
… com a seguinte legenda: “Registro para lembrar a última vez que pisei e passei pelo atendimento do Nacional da Lucas
Nunca recebi tantos comentários de apoio no Instagram. Na página do blog no Facebook, os relatos de péssimas experiências na rede Nacional em todo o Estado foram os mais ecléticos. Zaffari também não ficou de fora da saraivada de críticas.
Eu acho que a gente reclama pouco. Eu tenho a sensação de que estamos resignados com o mau atendimento generaliado – em lojas, em bares, em restaurantes, em supermercados etc. Estamos pagando caríssimo por serviços de toda e qualquer espécie – e esses serviços nunca estiveram tão ruins.
Eu desejo viver (se não em um país, porque não tenho a menor esperança no Brasil e já cansei de falar sobre isso) pelo menos em uma cidade que ofereça serviços de qualidade e que respeite o tempo e o dinheiro do consumidor.
: A crise provocada pelo simples pedido de um balde com gelo
Em função do número de queixas nas redes sociais, o Juliano Rigatti, Gerente de Comunicação Corporativa do Nacional na Região Sul, enviou um email para mim hoje de manhã. Pediu desculpa pelo atendimento e se dispôs a levar as queixas de todas as pessoas que se manifestaram nas redes sociais para a direção do grupo.
Há pouco, Juliano respondeu:
“Boa tarde, Mariana.
Conversei com a liderança de todas as lojas Nacional e BIG, já que os comentários que mencionaste são sobre mais de uma unidade. Com relação ao Nacional da Lucas, especificamente, estamos em fase de preenchimento de inúmeras vagas de operadores de caixa, que podem estar fazendo falta nesta questão de atendimento. Quanto ao preparo deles, parte da explicação é que estamos em pleno processo de integração nacional de sistemas e os atendentes estão concluindo uma fase importante de aprendizagem da ferramenta. A contratação de mais funcionários e o domínio completo do novo sistema de frente de caixa deve fazer com que diminuam os problemas de atendimento e agilidade da compra. Mais uma vez, lamentamos muito o ocorrido, estamos buscando melhorar e nos colocamos sempre à disposição”.
Agradeci a resposta do Juliano e pedi permissão para colocá-la no blog, uma vez que contei que estava escrevendo um post sobre o mal atendimento generalizado em muitos supermercados da cidade exatamente com este intuito: colaborar para que as coisas mudem para melhor.
Juliano respondeu:
“Se for o caso e em algum momento precisares, podes dar o canal oficial para atendimento dos clientes: 0800 705 5050 (capitais e regiões metropolitanas) e 4020 5050 (demais localidades). Por este canal, certamente, serão atendidos um a um”.
Se eu acredito que vai melhorar o atendimento? Sim, eu quero acreditar que sim. Mas tão importante quanto isso é a não acomodação diante de situações erradas. Tão importante quanto isso também é poder contar com a resposta do outro lado, daquele que faz com que a gente se sinta lesada, como prontamente fez o Juliano.
Por isso, só por isso, só por essa consideração de um profissional do Nacional e seus diretores, eu vou voltar ao Nacional da Lucas.
ARRANJOU DESCULPA PRA NÃO FICAR SEM A BAGUETE