Rabas a la romana com uma Zillertal bem gelada sempre esteve no meu imaginário como sinônimo de férias. A primeira coisa que Chico, Bento e eu sempre fazemos ao chegar a Punta de férias é sentar em algum restaurante, bar ou paradouro para devorar rabas com cerveza. Nesta temporada, no entanto, anda bastante difícil encontrar umas rabas a la romana que preste.
Não sei se fomos nós que mudamos ou se foram as rabas, mas, passados já 10 dias aqui, praticamente desistimos de encontrar um lugarzinho que ofereça umas rabas para chamar de nossas. Estão gordas, borrachudas e nojentas. Rabas a la romana em Punta sempre foram croc croc croc (tirando as rabas do paradouro de Solanas que são um nojo de gordura, nunca peça!). Pedimos rabas no paradouro Porto 5, na Playa Mansa. Péssimas. Pedimos rabas no Cactus y Pescados, o restaurante da praia de Bikini. Péssimas. Pedimos rabas no restaurante Isidora, no Porto. Ruins. Pedimos rabas no Virazón. Show de horrores.
Estou depositando fichas no Artico, no Lo de Charlie e no La Huella, em José Ignacio. A ver… Enquanto este dia de experimentar as rabas a la romana de antigamente não chega, aproveito para falar de dois restaurantes tradicionais e bem procurados pelos brasileiros aqui em Punta: Isidora e Virazón. Eu não sou nada chegada a esses restaurantes aqui do Porto, pois prefiro descobrir lugarzinhos menos turísticos e me sentir mais local. Mas com família e amigos a gente nem sempre escolhe onde ir – até porque, mais importante do que o lugar, são as companhias. Assim que fomos em família e amigos no ISIDORA e no VIRAZÓN.
Ambos estão localizados no Porto, em meio ao complexo de restaurantes desta região de Punta. No Isidora, tive uma ótima experiência – tirando as rabas, que não eram ruins, mas ainda estão longe de serem as crocs que tanto procuro. Tia Ângela já havia me alertado para a delícia do Risotto de Mar & Campo do Isidora. Eu amo arroz, mas não sou lá muito chegada a risoto. Acho que os chefs e cozinheiros em geral colocam manteiga demais nos risotos e isso é algo bastante indigesto para mim. Não entendo muito de cozinha, mas acredito que risoto não precisa ser tapado de manteiga para ser chamado de risoto. Sendo assim, quando a tia Ângela me falou do risoto do Isidora, não fiquei lá muito tentada a experimentar.
Só que aconteceu que estávamos em 10 pessoas e todos pediram o tal risoto, que serve duas pessoas. Não serei eu a voz dissonante, pensei. O garçom serviu duas grandes paelleras, com 5 porções do risoto e posso dizer que foi uma das melhores experiências gastronômicas que tive em Punta del Este. Nada de muita manteiga, arroz al dente, uma delícia. O Risotto de Mar & Campo é feito com rúculas e camarões (daí o nome).
Olha!
PEGUEI EMPRESTADA A FOTO DO SITE TRIP ADVISOR
Eles também indicam o risoto do Isidora!
Experiência semelhante não posso dizer que tive no Virazón. Aliás, nunca tive uma experiência gastronômica que prestasse no Virazón, só que, desta vez, passaram de todos os limites. Estávamos em seis pessoas, sentamos na varanda (o grande trunfo do Virazón, pois a varanda é virada para o Porto e daí vem a grande procura pelo restaurante). Resolvi não pedir nenhum prato, já que antevia o caos. Na mesa, foram pedidas duas brótolas com legumes e uma porção de camarões a provençal.
Lição número 1: nunca peça acompanhamento de legumes no Uruguai. Da série “em Roma, faça como os romanos”, no Uruguai, faça como os uruguaios. Peça o que eles sabem fazer de melhor: papas fritas, purê de papas, qualquer coisa com papas. Menos legumes. Porque os legumes virão insossos e molengas. Sempre.
O que dizer das brótolas? Nojentas. Como se tivessem sido descongeladas. E mornas para frias. O prato veio morno pra frio. O que dizer da porção de camarões a provençal? De óleo, alho e perejil não tinha nada. Tinha era um molho vermelho, o mesmo molho que acompanhou um pouco as brótolas, e um gosto de…. de…. de….
Não estou exagerando. Meu pai, o dono dos camarões a provençal, e o homem mais diplomático e discreto do mundo, teve que concordar conosco. Os camarões pareciam salsicha em lata.