Encontrei neste quarto dia de SPFW uma das personas que mais admiro quando o assunto é lifestyle, moda, comportamento e maneira de encarar a vida e todas suas nuances: Danuza Leão.
Palmas pra Danuza! Clap, clap, clap, clap!
Danuza caminhava pelos corredores da Bienal como uma estranha no ninho no meio de todo esse circo da moda. E não pude deixar de me identificar. Participo das coberturas de moda há 15 anos e nunca deixei de me sentir um E.T neste ninho.
E.T Phone Home!
A primeira pergunta de Danuza foi durante muito tempo também a minha primeira pergunta:
– Como é que se vai vestida a uma Fashion Week? Toda de preta e oclão? Nem pensar. Modete? Nããooo! Bolsona? Nãããão!!! Mas, afinal, o que é que está se usando agora? Não sei, ninguém sabe. Então, como ir vestida? De nada.
Esta não sou eu, é a modelo do desfile da Neon. Hahaha! A Neon saiu do prédio da Bienal e levou seu piquenique para o Viveiro Manequinho Lopes, uma área bem verde dentro do Parque do Ibirapuera, com as modelos, todas estampadas, caminhando com alpargata na grama
Eu vou há muito tempo vestida de nada. Hoje estava com uma legging de couro marrom, uma camiseta branca e um tenis Nike de cano alto. Olhei para a Danuza e ela vestia uma calça jeans, uma blusa clara de manga comprida e um sapatinho baixo. Éramos duas estranhas no ninho.
Não, esta não sou eu nem a Danuza. É uma dos looks do desfile de Juliana Jabour, que buscou a sofisticação do Studio 54, ícone da década de 1970, e mixou essa referência com o espírito da personagem de Michelle Pfeiffer no filme Scarface. (Estão vendo como a coisa é complexa!?)
Para ser uma estranha no ninho nas semanas de moda basta ser uma pessoa normal. Explica-se sobre pessoas normais: quem não sabe fazer uma trança espinha de peixe sozinha na frente do espelho, quem não sabe combinar poás + xadrez + animal print + batom pink + sombra azul + máxi colar + óculos nerd – tudo ao mesmo tempo e agora.
Ah, e quem nunca pensou em cortar os pulsos por causa disso.
Neste circo da moda, tudo é SUPER: Super estilo, super em alta, super tendência, super forte, superlegal, super quero, super amo, super admiro, super acho, super não acho, super acredito, super, super, super, super.
No circo da moda, todo mundo tem pressa.
Todo mundo caminha a passos rápidos e miúdos. Todo mundo corre. Todo mundo acabou de vir de uma suuuuper viagem e está com o bilhete na mão para outra suuuuuper viagem. Todo mundo é bem-sucedido, trabalha um moooonte. Todo mundo é muuuuuuito feliz, suuuuuper feliz, suuuuuper cool.
Está sempre tudo óóóótimo. Tudo sempre foi óóóótimo. Tudo sempre será óóóótimo.
No quarto dia de SPFW, Jefferson Kulig mostrou que a moda pode contribuir para a preservação do meio ambiente: criou tecidos biodegradáveis. Tafetá, seda, algodão e couro passaram por um processo enzimático, tudo em favor da sustentabilidade
Ah, e nas semanas de moda todo mundo É “alguém”.
– Não tente arranjar lugar na primeira fila – diz Danuza. – Elas existem para os alguéns. No mundo da moda, é simples assim: quem não é alguém não é ninguém, e um ninguém, diga-se de saída, é capaz das maiores baixarias para ser considerado alguém.
Fui mais uma vez testemunha-vítima de uma dessas baixarias de alguéns-ninguéns neste quarto dia de SPFW. Descrevo:
Desfile de João Pimenta. Horário: 16h30min. Meu lugar: Fila A 34.
A Festa de Reis, celebração religiosa tradicional em Minas Gerais, inspirou foi o desfile masculino de João Pimenta
Gosto de chegar cedo nas salas de desfiles exatamente para evitar de ter que passar pelo constrangimento de ter que pedir educadamente a um ninguém que se acha alguém que faça o favor de sair do meu lugar (pra deixar claro: eu não me acho alguém, apenas quero sentar no lugar que foi determinado pelo evento ao veículo de comunicação onde trabalho).
Pois cheguei cedo e já havia um ninguém sentado no meu lugar.
– E agora? – pensei. – Que saco. Este lugar é meu e vou ter que pedir pra essa criatura levantar.
Fui em frente, com o convite na mão (a prova de que eu falava a verdade) .
– Com licença – comecei. – Este é o A34?
– Não sei
O ninguém começou a se fazer de louco.
Essa é outra peculiaridade das semanas de moda como a SPFW: as pessoas adoram se fazer de loucas. E mais: se fazem de tão loucas que, se a gente se deixar entrar na tal piração, a gente começa a ter certeza de que os loucos somos nós, os normais.
– Desculpe, mas eu tenho a impressão que este é o A34 – insisti.
– Ah, é?
– É – respondi, de forma um pouco mais seca.
E o ninguém ficou me encarando.
Senti um fervilhar no peito de ódio, mas tantos anos de SPFW me ensinaram que o kit básico de sobrevivência no circo da moda inclui alguns anos de ioga, mente quieta, espinha ereta e coração tranquilo.
Uma paciência de monge, melhor dizendo
– Se o lugar ao seu lado direito é o A36 e o lugar ao seu lado esquerdo é o A32, o meu lugar, o A34, é justamente onde você está sentado – tentei explicar tipo tatibitati.
– Ah, é – o ninguém respondeu. – Mas se a gente apertar, todo mundo pode sentar.
Não havia lugar pra sentar, simples assim. E eu tive medo de mim.
E antes que eu pudesse me arrepender de algum ato homicida, lancei mão do meu último recurso nesses casos: Tchan, tchan, tchan, tchan….
Chamei, com voz doce e timbre baixo, a assessora de imprensa, que leva sempre à mão um mapa com todos os lugares e os nomes dos donos dos seus devidos lugares.
Mas não precisei fazer um esforço maior de explicação. Quando me virei para o ninguém, ele já não estava mais lá.
Sumiu como num passe de mágica!
E pude vê-lo ao longe, indo embora, com nariz empinado, passos rápidos e miúdos e cara de ofendido tipo “humpf, essa ninguém acha que é alguém e ainda tenho que sair do MEU lugar!”.
No meio do caminho, o alguém-ninguém ainda deve ter dado alguma entrevista.
É que, como bem diz Danuza Leão:
– O mundo da moda quer saber o que você pensa, o que você acha de toda e qualquer coisa: da moda, da CPI, da situação do Oriente Médio. Entrevistados não ouvem as perguntas dos entrevistadores, que também não se importam em ouvir as respostas – e, para ser franca, nem precisa. Pra quê?
Batizada Endless Summer, a coleção da Osklen mesclou dois universos distintos: o artesal e o moderno e misturou Brasil com Califórnia
A top sul-africana Candice Swanepoel, uma das angels da Victoria’s Secret, abriu o desfile da Colcci, que apresentou uma coleção feminina e masculina inspirada no surfe e na década de 90
hahahaha… Concordo Mariana! Muito bom!
hahahaha… Concordo Mariana! Muito bom!
Muito bom, Mari. Adorei!!!
Muito bom, Mari. Adorei!!!
Oi Mari. Apesar de ler sempre teu blog, acho que nunca comentei aqui. Mas me identifiquei muito com esse texto… semana de moda pra mim vira quase sinônimo de circo às vezes, porque me parece que as pessoas se montam que nem palhaço. Aí eu, que me visto com jeans e uma blusa, pareço estar em um universo paralelo…
Bom saber que ainda existe gente normal que nem eu! hehehehe
Bjs
Oi Mari. Apesar de ler sempre teu blog, acho que nunca comentei aqui. Mas me identifiquei muito com esse texto… semana de moda pra mim vira quase sinônimo de circo às vezes, porque me parece que as pessoas se montam que nem palhaço. Aí eu, que me visto com jeans e uma blusa, pareço estar em um universo paralelo…
Bom saber que ainda existe gente normal que nem eu! hehehehe
Bjs
Nossa q momento hein…imagino a tua cara hahahahaha pedindo|exigindo mas com mta classe e doçura!!!Êta semana hein…..pelo visto vem mto mais ai p nos contar!!!!bjks
Nossa q momento hein…imagino a tua cara hahahahaha pedindo|exigindo mas com mta classe e doçura!!!Êta semana hein…..pelo visto vem mto mais ai p nos contar!!!!bjks
Oi Mariana concordo plenamente…adorei o superisso,superaquilo tb…e as blogueiras então que acham que descobriram a america só usando grifes carésimas em seus posts e cópias de blogueiras gringas…será o fim da criatividade!bjos
Oi Mariana concordo plenamente…adorei o superisso,superaquilo tb…e as blogueiras então que acham que descobriram a america só usando grifes carésimas em seus posts e cópias de blogueiras gringas…será o fim da criatividade!bjos