Desde 2006, o seu restaurante, o D.O.M., está entre os 50 melhores do mundo. Há cinco anos, ele permanece na restrita lista dos 10 melhores do planeta. Mas o que motiva o chef Alex Atala não é o topo do ranking simplesmente e sim o sabor autêntico que ele coloca nos seus pratos: a cultura brasileira. E Atala quer mais do que só cozinhar. Em 2013, lançou o Instituto ATÁ, uma organização com o propósito de valorizar a culinária sustentável no Brasil a partir do desenvolvimento profissional de novos chefs, apoio a pequenos produtores, incentivo às práticas de cultivo orgânico, preservação do meio ambiente e dos biomas brasileiros e da cultura gastronômica do país. Olha que inspirador o manifesto do instituto!
“A RELAÇÃO DO HOMEM COM O ALIMENTO
PRECISA SER REVISTA.
PRECISAMOS APROXIMAR O SABER DO COMER,
O COMER DO COZINHAR, O COZINHAR DO PRODUZIR,
O PRODUZIR DA NATUREZA;
AGIR EM TODA A CADEIA DE VALOR,
COM O PROPÓSITO DE FORTALECER OS TERRITÓRIOS
A PARTIR DE SUA BIODIVERSIDADE, AGRODIVERSIDADE
E SOCIODIVERSIDADE, PARA GARANTIR
ALIMENTO BOM PARA TODOS E PARA O AMBIENTE.”
Uma das primeiras ações públicas de curadoria do Instituto ATÁ começou em São Paulo, e eu tive a honra de conhecer. O projeto, desenvolvido em parceria com a Prefeitura de São Paulo, chama-se Conexão São Paulo-Biomas, e mostra a incrível diversidade brasileira, em seus cinco biomas: Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Amazônia e Pampas.
ESTANDE DO PROJETO MONTADO NO MERCADO PÚBLICO DE PINHEIROS
Organizado no Mercado Público do bairro de Pinheiros (que foi recentemente revitalizado e está um brinco!), são cinco estandes, cada um de um bioma, com seus produtos típicos.
Alguém conhece óleo de Pequi? Pimenta Baniwa? Picolé de Cambuci?
É tanta novidade a cada bioma visitado que a gente percebe que nem conhece o nosso país. Na Amazônia, o estande apresenta uma série de farinhas, óleos, e gastronomia e artesanato indígena. Encontramos também umas das paixões do chef Atala: as famosas formigas saúvas – para comer!! O bioma do Cerrado foi surpresa por dois aspectos: naquele espaço, havia 35 organizações comunitárias apresentando seu trabalho; e foi realmente surpreendente a riqueza de produtos – babaçu, buriti, jatobá, baru, macaúba… E por aí vai.
GELEIA DE MARACUJÁ DA CAATINGA, UMA DAS MUITAS DELÍCIAS
A Caatinga chamou minha atenção pelas geleias deliciosas, feitas com frutas como umbu e maracujá da caatinga, e um doce típico chamado “Nego Bom”. Na Mata Atlântica, bioma do litoral de norte a sul do Brasil – e o mais devastado de todos –, encontramos temperos, sorvete de cambuci e uvala, infinidades de frutas. No estande dos Pampas, a recepção ficava por conta de uma degustação de queijo e salame colonial. E tinha erva mate, mel, condimentos temperados, as nossas deliciosas cachacinhas, suco de uva integral, e muita coisa boa.
ESTANDE DOS PAMPAS: DEGUSTAÇÃO DE QUEIJO E SALAME COLONIAL
A vontade é de ir lá todos os dias, para saborear e conhecer cada vez mais do nosso país, tão rico e cheio de potencial. Que bom que existem pessoas com a visão do chef Atala, e que estão realizando estas iniciativas pioneiras de valorizar o nosso melhor.
Para acompanhar as ideias e os projetos do Instituto ATÁ, aqui vai o site. Já tem muita coisa legal sendo feita pela turma dele.
http://www.institutoata.org.br