Foi há muito tempo atrás e aconteceu durante o coquetel de estreia de uma novela da Globo que agora não lembro qual era. Estávamos todos, jornalistas, convidados, atores e atrizes da respectiva novela, circulando por um salão todo decorado com a temática da dita novela quando passou o garçom e ofereceu a bandeja com sushis.
A jornalista que estava conversando comigo fez menção de pegar uma peça de sushi com as mãos, mas voltou atrás. Parou estaqueada me olhando, olhos esbugalhados, mais ou menos como Bento quando quer passear.
– O que foi? – perguntei, enquanto o garçom ia embora.
– Não tinha hashi na bandeja, e não sabia se podia pegar, com a mão. Resolvi não arriscar.
Alguns dias antes daquele coquetel, em uma livraria de São Paulo, havia passado horas entretida nos livros de etiqueta. Por coincidência, fiquei lendo uma publicação sobre culinária japonesa – e ali dizia que, sim, o sushi pode ser segurado com a mão, dispensando o uso do hashi.
ISTO É O HASHI, CASO VOCÊ NÃO SAIBA
Mas atenção: ao comer o sushi com a mão, você deve degustá-lo numa única bocada. Nada de ficar dando mordidas. Os bons e requintados restaurantes de culinária japonesa fazem os sushi no tamanho certo justamente para isso.
PARA QUE VOCÊ NÃO FIQUE DESSE JEITO À MESA
Outro ponto bem interessante que aprendi naquela tarde de literatura japonesa na livraria de São Paulo foi que o masu (massú) – aquele recipiente quadrado usado para o saquê frio, também chamado de “caixinha” por nós, deve ser segurado com as duas mãos.
Se o masu vier acompanhado por um pires, reza a boa educação que a pessoa deve pegar apenas o masu e levá-lo à boca. Nunca, nunca, nunca fazer como eu, tu, eles, nós, vós eles fazem: inclinar-se à mesa, levando a boca até a caixinha a fim de não derramar o que já está derramado no pires.
Mas não era sobre etiqueta japonesa à mesa que eu queria falar quando comecei a escrever esta coluna, mas sobre o ato de comer com as mãos. Explico: está cada vez maior uma onda gastronômica de comer com as mãos não apenas comida japonesa, mas culinárias de outros países em geral. A questão é que não se trata de uma demanda do cliente, mas uma exigência dos restaurantes – o que vem provocando um certo desconforto em quem paga a conta e se vê obrigado a fazer o que não está a fim em função de uma cultura que não é a sua.
Na Taquería La Sabrosa, casa especializada em tacos mexicanos, como o próprio nome já indica, o taco é entregue ao cliente num pratinho de papelão e sem a companhia de talheres. Se a pessoa for meio desastrada, tipo eu, e começar a derrubar o recheio no prato, não adianta pedir talheres para recolher e levar à boca. O garçom ordena: “Use os dedos”. Ponto final.
No argentino La Guapa, a norma é mais flexível. Tem talheres para quem quiser comer as empanadas, mas a chef argentina Paola Carosella (sim, a jurada do Masterchef Brasil) sempre sugere devorar a delícia com as mãos. Fica mais gostoso mesmo, na minha modesta opinião (e vamos combinar que é mais fácil comer empanadas do que tacos). Porém, diferentemente do que ocorre na Taquería La Sabrosa, na casa de Paola os talheres estão à disposição para quem preferir – e eu acho que é aí que reside toda a discussão.
SENHORAS E SENHORES.., THAT’S THE POINT!
Eu entendo que uma chef argentino e um chef mexicano queiram ver os clientes degustando suas criações da maneira original, como costuma ser em seus países de origem. Mas, nesses dois casos, jogo muito mais no time da Paola do que na equipe do chef mexicano. Um pouco de flexibilidade, por favor!
Estamos no Brasil e não se pode exigir do cliente brasileiro que faça como os argentinos e mexicanos. Se ele não se sente bem, se ele sente falta dos talheres, faça sua vontade, faça com que ele se sinta confortável naquele que é o seu empreendimento, que você abriu as portas para recebê-lo e fazê-lo se sentir em casa: ofereça um serviço simpático e alcance os talheres a ele.
OLHA A CARA DE FELIZ DO SUJEITO!
Bom dia!
Comer com as mãos considero desconfortável 2 meio primitivo.
No meu caso possuo um problema de saúde e preciso mastigar pequenas porções. Tudo é feito sempre pensando em massa e esquecem as exceções.
Boa semana.
Abraço,
Maria Regina