Os 40 estão rondando seu calendário biológico e, de repente, você começa a questionar sua trajetória e a repensar sua existência? Bem-vindo à crise dos 40. Dúvidas sobre trabalho, casamento, profissão, culpa, sensação de vida passando. Esses e muitos outros temas são abordados em 40 na Cabeça, um livro que narra, de forma divertida e despreocupada, a montanha-russa de sentimentos que algumas pessoas enfrentam ao se aproximar dos 40 anos.
De maneira bem-humorada e despretensiosa, a jornalista Magali Schmitt aborda seus medos e sensações ao longo desse processo, trazendo à tona assuntos que estão, literalmente, na cabeça de muita gente: mercado de trabalho, cobranças sobre a mulher, falta de tempo, família. Editada pela AGE, a obra foi lançada no último dia 5 de novembro na 61ª Feira do Livro de Porto Alegre.
Com 96 páginas , apresenta textos curtos e agradáveis que convidam à leitura e à reflexão desse momento de inquietação pelo viés da autora. “40 na Cabeça veio para colocar essas questões cruciais da existência humana, e o faz de um modo leve, palatável, atraente. Mas, nem por isso, deixa de provocar mudanças”, define a escritora Valesca de Assis, que assina a quarta capa da obra.
MAGALI SCHMITT: A CRISE DOS 40 SOB ÓTICA BEM-HUMORADA
Magali Schmitt nasceu em Novo Hamburgo, em 1970. Graduada em jornalismo, casada e mãe de dois filhos, se viu às voltas com uma fase tardia do porquê ao se deparar com a crise dos 40. Eterna repórter, precisando avidamente de respostas, encontrou algumas, enfrentou medos e dúvidas e decidiu dividi-los, de uma maneira bem-humorada com o leitor.
Magali selecionou especialmente para o site três trechos do livro. Espia só!
Por favor, tirem as crianças da sala
A vida lá fora insiste em acontecer enquanto estou aqui. Tenho que ser boa profissional, bonita, magra, inteligente, bem-humorada. Nada de surtar (ninguém tem paciência com os fracos). A vida é um eterno colegial: precisamos tirar boas notas sempre. Meu cartão está cheio de estrelinhas de bom comportamento. Nada de passar no sinal fechado, ajudando velhinhas a atravessar a rua, parando na faixa de segurança, não ultrapassando pela direita, respeitando hierarquias. Mas é o seguinte: eu quero tirar nota vermelha. Quero poder apertar o foda-se de vez em quando, pôr os fones de ouvido e sair sem rumo ouvindo uma canção de Tim Maia. Não sei por que você se foi. Quantas saudades eu senti! E de tristezas vou viver. E aquele adeus, não puder dar…
Alerta vermelho
Não, isso não é um convite a todos nós, quarentões, para ir até ali nos matar. É só uma forma de compartilhar. O que estamos fazendo das nossas vidas? Um dia a gente acorda e tem 39. De cara para os 40. Até semana passada eu tinha 20. Como isso foi acontecer? Como passou tão rápido? E os meus sonhos de ser bem-sucedida, famosa e feliz fazendo apenas o que gosto? Será que passei 20 anos em reuniões, perdida no trânsito, enfurnada no supermercado? Os filmes entraram e saíram de cartaz e eu parada no engarrafamento. As crianças cresceram e eu mal-humorada trabalhando em casa no final de semana. O meu marido que arranjou outra, cansado de me ouvir resmungar. Ops! Alerta vermelho.
E os dias melhores?
Aí é que está. Você é quem faz os dias melhores. Eles estão aí dentro. É isso mesmo: olhe para dentro de si e se permita vê-los. Se permita libertá-los. Senão, não vai haver análise, remédio ou tratamento de choque que resolva. Tome a decisão. É difícil? Muito. Mas, afinal, se não houver mudança, não haverá mudança. Tente arranjar tempo dentro do seu já escasso tempo. Ouça música, cante, desafine. Lave o carro. Leia para as crianças. Tente vencer o sono e o cansaço. Diga para você mesmo: eu posso, eu consigo, eu sou forte.
Não está funcionando? É tempo de abrir mão. Só não deixe que aquela voz que vem soprando em seu ouvido há horas ganhe força. Não permita que ela se torne seu pensamento principal. Os dias melhores não vão chegar depois que você se aposentar. Até porque, quando chegar lá, você não terá toda a disposição do mundo. Os dias melhores são hoje, o presente. São o banho de chuva, a caminhada na praia à noite, aquele filme bobinho água com açúcar para você chorar sem motivo, dormir abraçado em quem você ama. Estes são os dias melhores. Eles exigem uma pequena contrapartida, mas oferecem grande retorno. São ótimo investimento.
40 na Cabeça
À venda no site da Editora AGE, rede Cameron (RS) e rede de livrarias Cultura em todo o país.
R$ 29,90