Demorou um bocadinho, mas voltei a dar o ar da graça. Andava precisando desconectar um pouco, sabe assim? Que dia é hoje mesmo? Juro que não estou me fazendo. Juro que não sei. Quando é que foi mesmo que perdi a noção do tempo? Já nem me lembro mais. Fiquei de dar dicas de Punta del Este, onde me encontro desde minha desconexão, e até agora não fui capaz de postar uma única linha.
QUANDO EU DIGO QUE ESSE BLOG É UM DESSERVIÇO, ELA BRIGA COMIGO
O animal está aqui, claro. Neste momento, deitado nos meus pés. São 4h36min da tarde de… Que dia é hoje mesmo? Terça! São quatro e meia passada de terça-feira e sol aqui está alto, o calor sufocante – e eu fugindo dos dois feito diabo da cruz. A casa está em silêncio, todos estão na praia. Finalmente, aos 42 anos de vida eu consegui fazer com que as pessoas ao meu redor respeitassem o fato de eu não gostar de praia. Ou melhor: não gostar de ficar passando calor na praia.
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Gosto de praia de manhã cedinho ou ao entardecer. Agora, ficar disputando lugar embaixo do guarda-sol e arfando de calor não é comigo. Sobretudo porque também tenho problema com água. Se está fria, não consigo botar os pés. E a água de Punta del Este não é fria. É gelada.
Assim sendo, quando o relógio marcar por volta de 18h, calmamente pegarei minha bicicleta e pedalarei até o Posto 5, onde todos arfam de calor neste momento, encontrarei a família feliz e almoçaremos alguma coisa no parador. Meu drinque do verão 2015 está sendo o Spritz: mistura de espumante + Aperol + água com gás + rodela de laranja. Delicioso e refrescante. Só bebo Spritz desde que cheguei.
Ontem, fizemos vários deles na praia ao entardecer. Aliás, este é outro momento de praia que eu gosto: ao entardecer com drinques e amigos. Como vou e volto de bicicleta, não corro risco de bafômetro. Só de ser atropelada, mas isso não vem ao caso agora. Lamachia e Ju levaram uma mochila com gelo, copos, água com gás, Aperol e Espumante. E ficamos lá, conversando e bebendo Spritz. Alguns indo e voltando da prancha de Stand up paddle; outros jogando frescobol – eu sem fazer uma coisa nem outra. Apenas sentada no mesmo lugar olhando o horizonte, bebericando Spritz e jogando conversa fora.
Bento acertou no ponto: praia é sinônimo de inutilidade pra mim. Quando vou, sou um ser inerte e inútil. Não quero pensar, não quero fazer esporte, não quero nada. No máximo ler meu livro com uns bons drinques. Trouxe dois para ler: A Menina que Roubava Livros e Como Ser uma Parisiense em Qualquer Lugar do Mundo. Falei sobre eles no post TRÊS LIVROS PARA AS FÉRIAS.
Mas voltando à água gelada das praias de Punta: este é um dos pontos que tenho que concordar com Paulo Sant’ana. Sobre Punta, creio que apenas este. Explico: ontem à tardinha, estava na praia quando ouvi um grupo de gaúchos por perto comentando sobre a coluna do Sant’ana, publicada domingo em Zero Hora. Eu não tinha lido, até porque, quando estou no Uruguai, costumo ler o El Pais para estar por dentro do que acontece por aqui. Fui dar uma olhada na coluna no iPad, porque o tema era Punta del Este e porque as pessoas ali perto comentavam o quão infeliz Sant’ana havia sido em sua coluna.
Na coluna intitulada “O Céu de Punta”, Sant’ana inicia escrevendo que “Punta del Este é um paraíso encravado no inferno do Uruguai”. Já discordei. Não considero este país um inferno. Se é um inferno, estoy segura que é um inferno tão grande quanto o inferno do Brasil (o que duvido bastante). Mais: eu moraria tranquilamente no “inferno”de Montevidéu. Prefiro o inferno de Montevidéu ao inferno de Porto Alegre. Em Montevidéu, pelo menos eles conseguiram fazer há séculos o que nós tentamos há séculos com o Cais do Porto.
Mas continuando na coluna do Sant’ana. Ele diz que “Punta foi erguida pelos argentinos para gozar as delícias da praia, a delicadeza do trânsito e, principalmente, a vantagem enorme de não conviver com os uruguaios”. Não entendi. Há muito o trânsito de Punta deixou a delicadeza de lado e os uruguaios estão por todas as partes. Mais: são uns vizinhos muito queridos e amables. Acho um prazer conviver com eles.
Sant’ana diz que “há gente de todo o mundo em Punta, menos uruguaios”. Talvez a gente conheça Puntas distintas. Eu tropeço em uruguaios por aqui. Sant’ana diz também que “aos poucos, os argentinos estão cedendo terreno em Punta del Este para os brasileiros, em breve haverá mais brasileiros em Punta do que argentinos”. Não vejo como. Punta del Este é a praia eleita dos argentinos desde sempre.
Os brasileiros vêm, sim. Sobretudo o pessoal do interior do Estado: Bagé, Pelotas, Livramento, Uruguaiana, Alegrete – e também da Capital. Mas acho muito difícil que os brasileiros ultrapassem os argentinos. Basta ficar aqui em janeiro e não apenas em datas como o Réveillon, quando aportam também paulistas e cariocas. Punta del Este é a praia de verão dos argentinos e a praia de Réveillon da maioria dos brasileiros. Simples assim.
TU VAI FICAR REBATENDO CADA LINHA DO PAULO SANT’ANA?
Não, já terminei. Ia comentar sobre os pêssegos também, que Sant’anna julga serem mais doces aqui do que as tâmaras do Líbano. Acho que já foram beeeem melhores, amarelões por dentro, com aquele caroço destacável e aquele suco incrível. São duraznos que lembram a minha infância aqui e não tenho encontrado mais duraznos assim. Mas não vou desistir. Hoje ou amanhã, a ideia é dar uma passadinha nas melhores fruteiras de Punta. Elas ficam ali na Parada 2 da Mansa, numa rua só de fruteiras. Oferecem as melhores frutas de Punta. Se existem pêssegos como antigamente por aqui, certamente estarão por lá.
Parabéns. A senhora escreve fácil e muito gostoso de se ler.